Desdolarização: Países Que Estão Abandonando o Dólar em 2025

Desdolarização: Países Que Estão Abandonando o Dólar em 2025

Internacional

Image by Valmir Zanellato

O que é a desdolarização e por que ela está ganhando força?

A desdolarização é o processo pelo qual países reduzem sua dependência do dólar americano em transações comerciais internacionais, reservas cambiais e contratos financeiros. Essa tendência, que já se mostrava presente nos últimos anos, ganhou impulso significativo em 2025.

Isso se deve ao aumento das tensões geopolíticas e ao fortalecimento de alternativas ao sistema financeiro dominado pelos Estados Unidos.

Desde a Segunda Guerra Mundial, o dólar se consolidou como a principal moeda de referência global. No entanto, crises econômicas recorrentes, instabilidades políticas e sanções unilaterais impostas pelos EUA fizeram com que muitos países passassem a questionar essa dependência.

Portanto, a busca por uma maior soberania monetária se tornou prioridade para diversas nações emergentes.

Por que os países estão abandonando o dólar?

Vários fatores explicam essa mudança de postura. A seguir, destacamos os principais motivos que impulsionam o movimento global de desdolarização.

1. Sanções unilaterais dos Estados Unidos

Ao longo da última década, países como Rússia, Irã e Venezuela foram alvo de severas sanções econômicas por parte dos EUA. Como resultado, essas nações enfrentaram dificuldades para realizar operações internacionais via sistema SWIFT, o que as levou a buscar alternativas monetárias. Portanto, a desdolarização surge como uma resposta direta às restrições impostas.

2. Ascensão da China e do yuan

A China, por sua vez, tem fortalecido o yuan como alternativa ao dólar. Graças ao seu papel de liderança no comércio global, muitos países passaram a aceitar a moeda chinesa em suas relações bilaterais. Além disso, com o avanço do yuan digital (e-CNY), novas oportunidades surgiram para pagamentos internacionais sem depender da moeda americana.

3. Avanço dos blocos econômicos multipolares

Além disso, blocos como o BRICS têm promovido uma nova arquitetura financeira internacional. Com foco na cooperação multilateral e na utilização de moedas locais, esses blocos desafiam diretamente a hegemonia do dólar. Como consequência, os acordos comerciais deixam de seguir um padrão único e passam a incorporar múltiplas moedas.

4. Crescimento das moedas digitais estatais

O surgimento das CBDCs (moedas digitais de bancos centrais) também tem acelerado o processo de desdolarização. Com essas tecnologias, é possível realizar transações internacionais seguras e rápidas, sem passar por instituições tradicionais que operam com o dólar. Portanto, a inovação digital se torna mais um pilar da mudança.

Países que estão abandonando o dólar em 2025

Rússia

A Rússia lidera esse movimento. Após anos de sanções e exclusão do sistema financeiro ocidental, o país estabeleceu parcerias comerciais com foco em rublos e yuans. Atualmente, mais de 90% do comércio entre Rússia e China já ocorre nessas moedas. Além disso, Moscou intensificou o uso do SPFS, seu sistema alternativo ao SWIFT.

China

Embora o yuan ainda enfrente resistência como moeda de reserva global, a China vem expandindo sua influência. Através da Nova Rota da Seda, Pequim firma acordos em sua moeda com países da Ásia, África e América Latina. Como resultado, o yuan vem ganhando espaço estratégico em setores como energia e infraestrutura.

Irã

No caso do Irã, a situação é semelhante. O país tem sido duramente afetado por sanções e, por isso, procura realizar trocas comerciais em moedas como o yuan, o rublo e até mesmo em forma de escambo. Assim, evita-se o uso do dólar e driblam-se as restrições do sistema financeiro global.

Índia

A Índia também se posiciona de forma pragmática. Embora ainda mantenha reservas em dólar, o país firmou acordos bilaterais com Rússia, Emirados Árabes e outros parceiros estratégicos para utilizar rúpias. Além disso, Nova Délhi estuda a adoção de uma infraestrutura digital própria para transações internacionais.

Brasil

O Brasil, por sua vez, tem ampliado a cooperação com o BRICS. Em 2025, os acordos bilaterais com China e Rússia passaram a utilizar o real com maior frequência. Além disso, a participação brasileira no sistema de compensação multilateral do bloco fortalece a agenda de desdolarização da região sul-americana.

Emirados Árabes e Arábia Saudita

Mesmo aliados históricos dos EUA, esses países vêm diversificando suas reservas cambiais. Em especial, a Arábia Saudita passou a aceitar o yuan em parte das vendas de petróleo à China. Isso marca uma ruptura importante com o sistema do petrodólar, vigente desde os anos 1970.

Efeitos globais da desdolarização

A tendência crescente de desdolarização traz diversos impactos para a economia internacional. A seguir, destacamos os principais:

  • Redução da influência dos EUA: Com menos transações ocorrendo em dólar, o poder de Washington de impor sanções perde força.

  • Maior volatilidade cambial: A multiplicidade de moedas pode gerar instabilidades, principalmente em mercados emergentes.

  • Fortalecimento de novas alianças econômicas: Países tendem a se aproximar com base em interesses monetários e comerciais comuns.

  • Criação de sistemas alternativos ao SWIFT: Esses sistemas proporcionam mais autonomia e reduzem a exposição às políticas externas dos EUA.

Desafios da desdolarização

Apesar dos avanços, a desdolarização enfrenta alguns entraves importantes:

  • Liquidez do dólar: A moeda americana ainda é a mais amplamente utilizada e aceita globalmente.

  • Confiança nos sistemas alternativos: Muitos países ainda preferem operar dentro do sistema atual por segurança e previsibilidade.

  • Adoção limitada de moedas emergentes: Moedas como o real, rublo e rupia ainda não oferecem o mesmo nível de estabilidade e aceitação internacional.

Portanto, embora o movimento esteja em curso, a substituição total do dólar no sistema financeiro global ainda parece distante.

O futuro do comércio internacional: um mundo multipolar

O ano de 2025 marca um ponto de virada. A desdolarização não indica o colapso do dólar, mas sim a construção de um sistema mais multipolar e resiliente. Com novas moedas, plataformas digitais e acordos bilaterais, o cenário global caminha para uma descentralização monetária sem precedentes.

Consequentemente, governos, empresas e investidores precisam adaptar suas estratégias para um mundo com múltiplas referências cambiais e novas regras do jogo.

Considerações finais

Em 2025, a desdolarização deixou de ser apenas uma ideia e se tornou uma realidade geopolítica. Países como Rússia, China, Irã, Índia e Brasil estão mudando a lógica do comércio internacional. Embora os desafios ainda sejam grandes, a direção já está traçada: menos dependência do dólar e mais soberania financeira para as nações.


FAQ – Perguntas frequentes

A desdolarização significa o fim do dólar?
Não. O dólar continuará sendo uma moeda importante, mas sua dominância pode diminuir com o tempo.

O Brasil pode abandonar completamente o dólar?
Improvável no curto prazo. No entanto, há uma tendência crescente de diversificação nas reservas e acordos bilaterais em outras moedas.

Como isso afeta o cidadão comum?
Pode impactar o valor do real, assim como preços de importados e decisões de investimento internacional.


Acompanhe nossos conteúdos e esteja sempre um passo à frente.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *